ontem, meu olhar, fazia cliques por onde olhava.

o vento levando os cabelos da mulher que adimirava o movimento, feito por ele mesmo, numa poça de chuva.
o encontro na madrugada de um casal numa longa e escura rua. ela, vinha embaixo do guarda chuva e ele, com as mãos nos bolsos do casaco e com capuz na cabeça. andavam um ao encontro do outro, na cadencia da chuva que caía constante e leve, leve chuva...
pela falta de luz, o jogo de sinuca estava à luz de poucas lâmpadas, o que misturava a todos na penumbra, exigindo movimentos lentos, olhares demorados, pupilas dilatadas. a chuva caía, hora forte hora leve, na rua e da janela ouvíamos o seu som e víamos sua cor. o dono do bar, com barba na cara e um olhar risonho, de malandro gatuno, deixou o gerador tomando conta das cervejas. as músicas cantadas por três bebados felizes entoavam cada tacada. a ligação ao fim da noite, daquele que busca amores efêmeros e se contenta com eles.
ontem, meu olhar me mostrou várias formas de intensificar momentos e são essas formas que fazem a diferença na lembrança de cada um deles.