Desde antes...

Minha mãe sempre me encorajou a tomar atitudes. Desde a infância me colocou a frente na resolução das minhas vontades. Ela dizia: Você quer saber? Então vá perguntar. Te espero aqui. E mantinha-se a observar de longe minha empreitada. Saber dela na minha retaguarda me encorajava e empoderava. Algumas vezes me causava revolta porque comparando-a com as mães de algumas colegas, lamentava que ela fosse assim. Hoje sei que essa sua postura foi parte fundamental da minha formação como mulher diante um mundo machista. Minha base fortalecida desde a infância não permite que eu me cale diante de injustiças. Meu pai? Como me ajudou nessa construção? Ele nunca disse nada. E ainda acredito que se ele estivesse presente, atrapalharia. Hoje eu sei disso, naquela época lamentava sua ausência.

Uma carta

Os futuros amores não conhecem as dores que trazem as cores.

Se arriscam em vôos de intensos calores que queimam frio por dentro.

Nas ondas dessas nuvens não se sabe a profundidade dos sabores.

As flexões laterais de quadris magistrais serão as lembranças que esquecerás.

Cabe marcar as estrelas que souberam encontrar o delicado e único sentido de acariciar.

No fundo

Visitar esse passado de angustias
inquieta minha alma
a incerteza traiçoeira
acompanha meus mergulhos

As escolhas emocionais
sempre são minhas escolhas
as palavras entaladas
não mais

A disponibilidade pros que amo
convertida em cobranças
que sei não serem supérfluas
É de troca que preciso!

Compartilhar no olhar e no abraço
é o que mais quero
e palavras pra guardar
e racionalizar quando preciso

Já não busco a deriva dos carinhos
desejos não satisfazem minhas necessidades
o mar penetra as areais bem a fundo
e purifica a salvação

Meu corpo, meu jardim!