Cecília Meireles

Colar de Carolina

"Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.

O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.

E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina."

O mundo


Nossas mãos se perdem
Enroscam cabelos e identidades
Memórias emolduradas por pálpebras semicerradas.

Separo de mim as datas ditosas
Guardo as citações inspiradoras
Esculpo um tempo desconexo:
entre o sonho e o tato.

Espero teu sono duradouro
Afrouxo o fiar do vento
Faço a brisa soprar remos
e nado feito peixe.

Adorno meu mergulho em lençóis
Transbordam flores das encostas: tuas costas
e entre labaredas reveladas pelo cheiro. Te durmo.

Sei das voltas das águas
dos tremores das terras
dos embalos dos ventos
da estrela da manhã...

Não preciso de ninguém, mas quero.
Grande e robusto como nossos pés.
Criar e depois ser consciência:
insensatez e delicadeza.

(vejo elefantes a pisarem fundo
no equilíbrio lento da cadência infinita)