Hoje eu acordei sem imagem sem som

A imagem forma sombras de sensações semelhantes vividas há muito tempo.
Os arrepios da contravenção revelam o que eu já sei.
O que me confunde são os sons, as ignorâncias repetidas como fossem interessantes.
O pecado impulsiona o corpo curioso.
O cheiro entranhado ao mesmo tempo que enjoa, enlouquece.
Me perco entre vontade e saudade e só me encontro quando acendo a luz.
Já não sinto a realidade aqui e me perpetuo na textura de algo incomparável.

Caminhante da noite azul

O que te move até a lua
Não te move, há esquinas
Ilusões guiam mais rápido
Que vento de tufão

E o caminhante da rua
Enlaça a lua
Em protesto de união

O que te move não te prende
É quase uma opção valente
Se não fosse felino ato
De uma fuga, diversão

E o caminhante da rua
Enlaça a lua
Em protesto de união 

Placas tectônicas

O barco as vezes é levado por correntes vindas de outros continentes...
Reflexo macrocósmico
Associação inconsequente
Estímulo
Vida

Percebo que estou novamente sozinha

Olhei e não vi
olhei e não vi
depois já não valia
tempo perdido
que não vivi.

Galacticamente sozinha
encontrei o que vi
e não pude reagir
espectro de mim.

Questão de disposição

Ao levantar
Me arrumar
Pro que virá.

Dentro da intrepidez
Arriscar valores
Pedras preciosas
Fundo do mar.

Muros empoeirados
Não encobrirão
O fervor
Da dor.

Esquecida
Se põe a bailar...

Que eu não quero me trancar

Das variantes possíveis para tal devaneio
me tocou aquela que diz
fundindo-me em mim mesma
eternamente de um ponto a outro
como viga maleável
deslizo

desabando pedras fortes
abrindo portais
junto os pedaços que lembro
são meus próprios pensamentos
que me levam sem doer

encaro com aperto
sem temer o que virá
é o ciclo menina
que não para de rodar
não se assuste e não tema
que o passado aí está
ninguem tira, ninguem muda
pode calma ficar

todos sabem
não é preciso falar
a memória registrada
não vai se apagar
tenha fé e entenda o tempo
ele pássa sem parar
atente-se só no detalhe
ele chega sem avisar
dá a corda que ele precisa
infinta de puxar
e salte por essas vigas
que não param de pulsar.

Se

Se nao fosse o fim do dia
O que seria do dia

às

O que porventura parece um devaneio infantil é piada aos ouvidos dessa mesma criança que sonha.

Os passos dados deixados em trilha marcada pra posteridade, são todos apagados pelo passar do vento, soprando as cores, os detalhes e deixando tudo cru, realidade. 

Embalada em seu colo, eu sei que as emoções emanadas, circundadas por aqueles braços quentes, tal qual fogo, é chama incandescente de conforto nunca mais sentido em dias frouxos, mesmo quando se é solto se quer encostar.

Uma verdade existencialista seguia, fazendo cócegas em meio a panos tão seda, tão linho, e a cada arrepio vem também o socorro acalentando, diluindo a realidade, que implora pra ser revivida nos sonhos, impalpáveis ventanias, balançam, movem as poeiras tão sólidas dessa grande fincadora de nós, estacas.

A criança ainda viva quer as nuvens, os ursinhos carinhosos, os travesseiros fofos confortando a cabeça esfumaçada. A adulta pisa firme na terra, pelos caminhos que a sensatez direciona, ela corre e tende de uma certa maneira pro lado esquerdo. E isso faz dessa esticada pessoa, que com a cabeça nas nuvens se sente grande e com os pés no chão se sente rasa. Uma imensidão de veias pulsantes bombando sua pureza essencial qual mito.

Absinto de um porvir que está no meio, que a fez sentir-se em meio o que não pode e o que ainda não é.

Apesar de todo drama, de toda dor, aqueles olhos me revelam uma história de pura aventura.

Engraçado pensar que a minha porta abriu e não as do mundo todo. a do mundo todo.

Um café!

Sem interrupcão

Ninguem lembra do segundo
Ponto agudo
Diversão

O suor

Catastrofes do amanhã
Anuncios vãos do hoje
Não há outra fonte infinita
Pros sedentos do poder

Os suspiros constantes
As ignorancias repetidas
Todos estão surdos
E as pontes partidas

Me mudei

Moro agora
Naquela esquina
A que virou
Nao a que viraria
Se ainda estivesse la

E agora?

Com o passar do tempo
Me tornei distante
- De tudo e todos
E já não sei me confundir

teia

encontra-se dentro do profundo e profano sentimento que escorre pelos dedos, na palma das mãos, na língua, toda a pele-canção. rola pelo chão, joga-se ao céu - encosta na lua, sola, queima ao sol -, e volta, segredo emoção quase explosão. no chão de uma emoção até a superfície da razão ão ão ão ão ão ão ão...

Feche os olhos, Maria

Maria sabe
Sábia que é
Não entra pelos olhos
O que realmente vemos

Conta nos dedos
Anedotas confundidas
Paradoxos da cegueira
Ora mente, ora emocao

Nos caminhos da vida
Embriagada de imagens
Supérfulos indigestos
Descontentes em si

É primitivo
Terceiro olho
Escuta-se pela nuca
Ossos canção

Quando assim uma primeira vez

É muito difícil alcançar o nível do sono quando se está junto. O calor da cama, as imagens ainda movimentadas apesar da estática paisagem, as sensações ainda excitadas, o ar impreguinado e o desejo saciado, que só adormece quando deixado de lado.

Brevemente sim

Um ano longo porem corrido
Paisagem rapida num olho suprimido
Detalhes do sempre longo suspiro
De um corpo nao socorrido

a cada dia mais distante

no momento não encontro espaço para o que não é palpável e lastimo a ausência por entender seu real significado de nada ser.

moringa

dentro dela o alívio imediato pro sarcasmo
aquele chato impostor descompromissado.

a saudade fragmentada pelo chão
brilha esquecida e sem culpa, ufa!

reflexo desassociado.