De repente três:
dias sem sono,
perdidos sonhos,
terremotos carnais.
De repente três
partes desiguais
do tudo mais.
De repente eu
e nada mais.
De repente três:
dias sem sono,
perdidos sonhos,
terremotos carnais.
De repente três
partes desiguais
do tudo mais.
De repente eu
e nada mais.
Queria me encontrar com tempo
O tempo todo que perco
Quando não estou.
Desculpar-me pela covardia
Do não dizer, do não fazer
Quando em fuga.
Escancarar meus medos
E perde-los dizendo sim
Quando no embalo.
Embala a saia igual cirandeira
Curva as costas e quase fraqueja
Aspira a fumaça e logo esbraveja
Encontra um osso e quebra a cabeça
Rasteja no chão feito uma lesma.
Não sabe
Não sabe
Versos malvados e inchados joelhos
Mentira escancarada de vida inventada
É noite acordada é dia embolado
Resposta falseada verdade aceita
Baila baila e depois fala.
Não sabe
Não sabe
Vítima
Do conto poema.
"Foi nessa idade que a poesia veio me buscar
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio.
Não sei como, nem quando.
Não, não eram vozes.
Nem eram palavras.
Nem silêncio.
Mas da rua fui convocado.
Dos galhos da noite abruptamente entre outros.
Entre fogos violentos voltando sozinho.
Lá estava eu sem rosto.
E fui tocado."
Te falei o que não pensava
Pra dizer o que não pensei
Tudo no perfeito momento
Não encontrado
dentro do espaço que não cabia.