não sei se preguiçoso ou se covarde

carrego marcas e malas
e ainda assusto quando
me deparo com esse tal
sentimento que mata
e chamamos amor...

contém e está contido

e quando eu criava, dentro de mim, toda a certeza do mundo, acontecia um ato simples, como um tremor de terra de grau um, involuntário a mim e desmoronava com todas aquelas provas, quase palpáveis e que continham, até então, as projeções perfeitas das minhas paranóias, carregadas é claro, de toda lógica...
tem cura?

alberto caeiro

"quando vier a primavera,
se eu já estiver morto,
as flores florirão da mesma maneira
e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
a realidade não precisa de mim.
sinto uma alegria enorme
ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.


se soubesse que amanhã morria
e a primavera era depois de amanhã,
morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
e gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
por isso, se morrer agora, morro contente,
porque tudo é real e tudo está certo.

podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
o que for, quando for, é que será o que é."

a poesia não é interessante, ela é essencial...

oh fardo largo e ilusório!
como achar que nós,
simples palavras,
carregamos a essência das coisas...

a(c)alma

não quero o dever de uma promessa,
o que me interessa é involuntário.

paulo leminski

"poetas velhos 

bom dia, poetas velhos.
me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.

dia vai vir que os saiba

tão bem que vos cite
como quem tê-los
um tanto feito também,
acredite."

agora

...deixar de ser tudo que você foi ... ser o que você ainda não é...