Lua cheia
Cai do céu uma lágrima
Escorre em mim.
Sei tão mal manipular estrelas
Pedaços meus não se reciclam
E sinto desgosto ao comer.
Meu ciclo lunar não me deixa descansar
Renovo escolhas antes de acordar
Nosso ciclo solar não me deixa cochilar
Pipas voam no céu da cidade
Pássaros no campo a cantar
Tudo assim descompensado
Tempo vadio corre no ar.
Confusões e contradições
Marcam meu caminhar
Salto pedras
Escorro nas encostas
Sou poeta
Escrevo pra curar.
Tenho asas à pulsar
Chuva molha
E impulsiona o despertar
Quero dormir
Tenho escondidos
Desejos de liberdade
Palavra mais bela que conheço
E nem consigo suspirar
Apreensão vem do regozijo
De não conseguir mais conformar
Os pinos marcados
As vitórias perdidas
Os amores partidos
Os preconceitos sofridos
As partes mutiladas
As censuras nas esquinas
Os conceitos revistos
As ideias fortalecidas
Os olhares amadurecidos
As esquinas aguerridas
As lutas debatidas
A ocupação dos caminhos.
Segue transeunte, não se faça perdido.
Explode na avenida um horizonte expandido.