Chuva

O tédio que produzo
seria menos tedioso
se sem culpa.

Já foi e não é mais

Num rebanho de burros
O primeiro a levantar a orelha
Diz o nome do infortúnio.
Já o segundo
Entre tropeços e murmúrios
Grita em nome do justo.
O rebelde logo atrás
Em meio a poeira fugaz
Não hesita, nem silencia
Fincado a bandeiras que arrastam
O fim de um mundo.

Fruta madura

Caminhávamos com zelo
Pelo valioso caminho, pele
Respeito e impasse, ação.

Desapego redentor e benção-dor
As flores colorem mesmo murchas.

Desabrochar martírios, não
Existe outra razão pra podar e colher
Sentimentos não são assim
Faça-os crescer.

Atenção coração, o zelo é irmão
E sabe como também os bebês
Que não passa do chão.

Abre e cava, está aí, podes crer
Você consegue se deixar
Florescer, ser antes de ter.

Pele

De frente mirei sobre-------passando os olhos refletidos
além buscava o que ainda não compreendia
não via Dalí, porém comporia aquele quadro.


A tinta escorria guiada por sinos, assovios da mata:
verde malta arrancada no romper das unhas!
suada pelugem enraizada, brotada do olhar.


Nova marca de água, meus chakras escancarados
caneta riscada excedida de linhas óbvias
um brilho pena-------folha tão meu quanto seu.

Silencia?

um chiado gritado
do alto cantado...


em terras vis

vive bem quem é surdo
e tem a língua presa.