Barravento

Flecha no ar
rasga massa de opressão
liberta ritmo coragem
de individuação

Lança risca estoura
redoma de gás paralizante
potencia de bagunça
canta grita levanta
poeira do chão

Gira redemoinho
junta água fogo luz
a grande escola roda
palmas movimentam
ponto cria vento

Tudo é muito lindo até que

Como marionetes reproduzimos
O que não imaginávamos
E mesmo assim existia
Dentro de nós
É relação de dois
Duas vértices
Quase vórtices
Se preferes ver assim
Não cabe em vasos
E extrapola o respirar
Faltando na mesma
Medida que pulsa forte
Sem chão pés falham
Mãos não se encontram
E resta o lamento
Vazio de oprimir
E coragem pra redimir.

Afaste-se de quem te rouba a voz

das intenções que aspiram liberdade
e interrompem ações

das ideias deslumbrantes
e suas correntes de servidão

da ordem que esmaga sensações
e mantém sinais de separação

dos caminhos muito claros
onde o sim é convenção

liberdade às mãos

Mareia

Pus meu casco no mar
ousei escalar sete ondas
- grande dádivas espumantes!

Contornei rochas duras
esfreguei musgos parasitas
arranquei ouriços dos pés

Transformei em asas
as cordas amarras
e dropei o mais alto tubo
com a menor prancha do mundo
pois sou tudo
o que posso ser

Na beira
recebo beijos nos pés
tendo o céu estrelado
cobrindo minha eternidade