tô no páreo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

a cada passo, alvoreço
a cada alvorecer, desperto
a cada despertar, peleio
a cada pelear, descubro
a cada descoberta, venço
a cada vitória, inspiro
a cada inspiração, broto
a cada broto, escolho
a cada escolha, movimento
a cada movimento, caio
a cada caída, derrota
a cada derrota, perco
a cada perda, choro
a cada choro, sofro 
a cada sofrimento, peço
a cada pedido, chove
a cada chuva, enlouqueço
a cada loucura, crio
a cada criação, expiro
a cada expiração, creio
a cada crença, recompensa
a cada recompensa, sonho
a cada sonho, transformo
a cada transformação, monto
a cada montagem, construo
a cada construção, desvio
a cada desvio, realizo
a cada realização, estou
a cada estar, avanço
a cada avanço, crepúsculo
a cada crepúsculo, um passo...

a sete chaves

sempre, quando desço ao porão, remexo em baús esquecidos. há muito tempo sem serem tocados. com sopros cautelosos, o pó que esconde o que existe, vai misturando-se ao ar. nuvens revelam formas e volumes, memórias palpáveis. enxergo os baús e ao toque, sinto-os parte de mim. revivo-os.

nesse caminho

eu andava calmamente, quando avistei um gato que andava na mesma rua. andávamos em sentidos contrários, um ao encontro do outro. direções opostas convergindo para um ponto comum, numa perspectiva oblíqua. íamos distraídos até percebermos que o encontro ocorreria, por isso, começamos a nos observar, mutuamante, olhos nos olhos. a cada passo, um suspiro profundo, do fundo e o encontro mais próximo e o caminho mais curto, e os olhares, fixos. foi quando, num impulso, ele, resolveu desviar seu caminho, atravessando o meu, que pela pouca distância, já era nosso. hesitei por um segundo, mas, sem pausa continuei o caminho atravessado, carregando a partir desse momento o coração na mão, que continuava sendo meu, mas, não era mais nosso - o caminho. alguns passos a frente, um transeunte que observou aquele momento, chamou minha atenção e alertou-me assim, assim dizendo: você viu isso? um gato preto atravessou o seu caminho, cuidado!

um hobbie que ninguem pode ver!

tento entender os meus limites, os seus limites.
busco respostas pra minhas dúvidas, pra suas dúvidas.
interpreto cada impulso meu, cada impulso seu.
deixo símbolos e encontro símbolos deixados.
baixo a guarda pra mostrar e pra ver.
em momentos que estou, sou e quando estás, és.
compromisso velado, sem tinta nem pinta.
em flagrante, autuado.

trecho do livro não apresse o rio, ele corre sozinho por barry stevens

"a luz do meu abajur brilha sobre a máquina de escrever, um brilho azulado, que some no escuro quando se afasta da lâmpada. a sombra do carro da máquina move-se para esse escuro, e depois foge. a luzinha quadrada que mostra que o motor está funcionando (como se eu não pudesse ouvi-lo - e mesmo que não tivesse ouvidos, posso sentir as vibrações) é cor de laranja forte, mais berrante do que a própria máquina. mãos tocando teclas. quando noto esse toque, as minhas mãos ficam mais suaves do que estavam, mais gentis, usando apenas a pressão necessária para acionar as teclas, e não mais, e assim não há reação contra mim mesma. parece mais uma música. eu me sinto em harmonia. até mesmo as batidas das teclas contra o rolo parecem mais macias quando eu amoleço, menos resistentes. a ondulação que passa pelo meu corpo e pelo meu rosto é algo que se faz sentir como riso - não riso forte -, um riso suave, como uma pluma. eu sou o meu próprio fazer."

andré di bernardi

"foi por pouco,
foi só um passo,
e já era pássaro."

você não consegue caminhar com suas próprias mãos?


lazy girl, easy girl

perda de tempo, sofrimento.
desafio do querer ser, entorpecer.
reflexos que dizem,
leitura de símbolos,
despertares.
sinais que brotam,
cultivo de sementes,
possibilidades.
é bem diferente de realidade!