Uma aventura

Práticas demodês, aquele amor ressentido, resquícios autoritários, take my hand, amor teimoso que escraviza amedrontando levezas de pensamento e delicadeza de atos.

Os passos dados deixados em trilha marcada pra posteridade eram todos apagados pelo passar dos ventos. Soprando as cores, os detalhes e deixando tudo cru, realidade. Embalada em seu colo, eu sabia que as emoções emanadas e circundadas por aqueles braços quentes, tal qual fogo, é chama incandescente de conforto nunca mais sentido em dias frouxos. Mesmo quando se é solto se quer encostar. Uma verdade existencialista seguia, fazendo cócegas em meio a panos tão seda, tão linho, e a cada arrepio vinha também socorro acalentando, diluído A realidade já sentida implorava pra ser revivida e os sonhos, impalpáveis ventanias, balançavam, moviam as poeiras tão sólidas dessa grande fincadora de nós, estacas.

A criança ainda viva quer as nuvens, os ursinhos carinhosos, os travesseiros fofos confortando uma cabeça esfumaçada. A adulta pisa firme na terra pelos caminhos que a sensatez direciona. Ela corre e tende de uma certa maneira pro lado esquerdo. E isso faz dessa esticada pessoa, que com a cabeça nas nuvens se sente grande e com os pés no chão se sente rasa, uma imensidão de veias pulsantes bombando sua pureza essencial qual mito.

Absinto de um porvir que está no meio, sendo o que já não pode e o que ainda não é.

Apesar de todo drama, de toda dor, aqueles olhos me revelaram uma história de pura aventura.

Engraçado pensar que a minha porta abriu e não as do mundo todo. A do mundo todo.

Um café!

Fronteiras

Esse lugar que não consigo chegar
Deve guardar o que não consigo esquecer

Link permanente

É que a dança está em outro ritmo:
quando inicio perco o fim
quando findo perco o início
sem pausa nem porque.

Como num despertar
de gesto e movimento,
espreguiçar.

Respiro, percebo
e sinto tesão
mesmo que em vão.

Sempre que der

Queria um lugar pertinho do céu,
onde eu pudesse estender as mãos sem limites
e perder o olhar sob algo sublime.

Um lugar preferido por uns instantes repetidos.

Um lugar pra eu ser ausência.
Um lugar bonito pra eu visitar.

Sentinela

Ninguém me pediu nada
eu que subi no monte
e hasteei minha bandeira de guardiã
desde então travo lutas e trincheiras
tendo a espada em minhas mãos

muitas batalhas surgiram
descanso não há mais não
sentinela dos ventos
ganhei de presente um furacão

que me joga céu abaixo céu acima
e faz de mim um balão
responsabilidade é liberdade
de me ver assim
em suas mãos.