Meias voltas eternas

Eu me pergunto
e não consigo responder
o por que de tanta cerimônia
quando o pisar em ovos não faz sentido

Deixo um amigo na esquina
pego carona com a amiga amante
e regresso a minha casa
sozinha ao encontro de um simples miado

Meias voltas eternas
num caminho percurso
calculado e comprovado
tendo sempre um banco ao lado vago
e o sorriso amarelo
de um trabalho seguinte
corrente pesada
de quem não se atrapalha
mas faz suspirar
um horizonte
aguerrido

Vivo em trilhos
movidos a fumaça
dissipada em dias nublados

Frios martirios
da consciência
sincera em percurso
solidão da mulher que ousa
ser filha solta
das mãos que amedrontam

Tropeço
carrego caixões
espero sem esperança
a alvorada de um novo dia
minhalma cedente de sentir
arrepios
perdidos por ai

Ao ver ausência de impulso
me pergunto onde é que está
aquele rompante
roubado entre tantos por vir

Há muito tempo
sobram ventos
incontroláveis de senso