não existe essa coisa de momento errado

estou dando pequenos passos
com apoio de pequenos braços,
os pés um pouco bambos,
estão em cima de bases firmes.
andando junto ao destino,
numa teia de mãos entrelaçadas,
estou aqui e preciso sim, de ti.

lembre-se que eu faço parte do seu exército...


raio de sol

o relógio parado,
a pilha descarregada,
os ponteiros não se movimentam,
não há hora, minutos nem segundos.

a luz apagada,
a lâmpada queimada,
o quarto está escuro,
não há luz, sombras nem brilhos.

é o sol que baixou
seu esplendor em pôr,
e o vento fraco
despede-se
passando
e não voltando.

sinais

meu coração bate forte, agora.
minha respiração profunda, dura.
pulso, encho e esvazio...
intenso trabalho peitoral,
dos dois lados - o ar,
no meio - a falta dele.

passos largos

eu vi o seu pé e não reconheci
as curvas, os dedos, o peito nem a sola.

naquele pé só,
não te vi, no ir e vir, não me vi.

as fronteiras ultrapassadas,
os passos entrelaçados,
alguns em falso, outros tropeços.

nossos rastros, deixados de lado,
misturaram-se a outros passos,
viraram pé, pó.
 
saudade de passos juntos,
passadas, passado,
ter dois pés...

é por isso que eu...

não há onde agarrar,
só vejo fumaça ao meu redor,
estou tateando o ar,
sentindo a dor do mundo...

remando

nos telhados das árvores,
um pássaro do asfalto.

anos luz

não vou dar marcha ré porque estou de banguela na ladeira.