é universo

eu tentei
e não consegui

assim

cujo único ponto em comum
é a ausência de pontos em comum.

joga a corda, por favor?

versos confortáveis
falsas verdades
na superfície
realidade

rimas perfeitas
sílabas metrificadas
no ritmo
descompasso

vozes desafinadas
socorros sussurrados
meu fundo
no poço

do vapor ao líquido (quando jaz em terras)

é incrível o poder das nuvens
e das turbinas
também das rodas e freios.

me dê músicas, por favor?

não tenha medo
apesar da ansiedade ainda morar aqui
já consigo brincar com ela
tanto que quando ela aparece
assim de supetão
embalo-a em nossas canções
e dançamos à sua espera

baudelaire

embriaguem-se

é preciso estar sempre embriagado. aí está: eis a única questão. para não sentirem o fardo horrível do tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. com quê? com vinho, poesia ou virtude, a escolher. mas embriaguem-se. e se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "é hora de embriagar-se! para não serem os escravos martirizados do tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

como o tempo vai o vento vem

eu não posso me perder!
eu não posso me perder!
eu não posso me perder!