Uma aventura

Práticas demodês, aquele amor ressentido, resquícios autoritários, take my hand, amor teimoso que escraviza amedrontando levezas de pensamento e delicadeza de atos.

Os passos dados deixados em trilha marcada pra posteridade eram todos apagados pelo passar dos ventos. Soprando as cores, os detalhes e deixando tudo cru, realidade. Embalada em seu colo, eu sabia que as emoções emanadas e circundadas por aqueles braços quentes, tal qual fogo, é chama incandescente de conforto nunca mais sentido em dias frouxos. Mesmo quando se é solto se quer encostar. Uma verdade existencialista seguia, fazendo cócegas em meio a panos tão seda, tão linho, e a cada arrepio vinha também socorro acalentando, diluído A realidade já sentida implorava pra ser revivida e os sonhos, impalpáveis ventanias, balançavam, moviam as poeiras tão sólidas dessa grande fincadora de nós, estacas.

A criança ainda viva quer as nuvens, os ursinhos carinhosos, os travesseiros fofos confortando uma cabeça esfumaçada. A adulta pisa firme na terra pelos caminhos que a sensatez direciona. Ela corre e tende de uma certa maneira pro lado esquerdo. E isso faz dessa esticada pessoa, que com a cabeça nas nuvens se sente grande e com os pés no chão se sente rasa, uma imensidão de veias pulsantes bombando sua pureza essencial qual mito.

Absinto de um porvir que está no meio, sendo o que já não pode e o que ainda não é.

Apesar de todo drama, de toda dor, aqueles olhos me revelaram uma história de pura aventura.

Engraçado pensar que a minha porta abriu e não as do mundo todo. A do mundo todo.

Um café!