o mundo das crianças

onde um simples graveto é espada,
onde uma folha seca é mar.
olhar é criar formas,
tocar é uma interação animada.
há um sentido que dá sentido a tudo,
imaginado, transformado, visualizado.
colorido e independente,
uma construção simples de folhas, cacos e sonhos.

saudade bandida

eu queria beijar a saudade e despedir-me,
deixando-a uma canção e um adeus.
dizer que as lembranças que ela traz, não fazem bem
e que é cruel ela aparecer toda hora.
eu queria gritar pra saudade, que ela é bandida,
rouba alegria, tempo, brilho e traz lágrimas.
dizer que ela não é bem vinda,
que não quero vê-la nunca mais.
vomitar as palavras que tenho guardadas,
seguidas de um grito de adeus.
mas ela é cega, surda e se esconde onde ninguém a vê.
bandida que é, não recebeu meu beijo e não escutou meu grito,
e ainda, continuamente-sem parar-insistentemente,
vive sussurrando ao meu ouvido.

indo

como folha de jornal ao vento,
como barco sem bússula,
como albatroz planando ao sabor das correntes,
como semente voando pela brisa,
como dente de leão após um sopro de criança,
assim eu vou, assim eu sou...

um

um tempo pra pensar em tudo, pra pensar em nada, pra não fazer nada, pra fazer tudo
uma pausa, um instante, um desligamento, uma trégua, um vácuo
um acerto de contas, um balanço, um planejamento, uma reunião de uma pessoa só
uma conversa de perguntas mudas e respostas silenciosas
um sopro de inércia, longe da gravidade cotidiana que puxa e cega
um caranguejo recolhido, um caramujo dentro de sua concha
uma volta ao início da jornada do herói, de uma utopia, de um mistério, do nascimento avatar
um outro horizonte a desbravar pra lembrar da diferença entre o velho e o novo
uma incerteza excitante e uma certeza encorajadora
uma abstração extraída do real, um sonho, um devaneio consciente
um momento sentido mais do que vivido, uma troca sem perdas
um movimento contínuo, sem altos e baixos, uma linha que une, não divide
um encontro interno entre tantos protagonistas camaradas
uma busca bem sucedida onde todos são o que realmente são, e estão
um admirar mais do que pensar, do que especular, do que duvidar
uma conversa cara a cara com o espelho, pelada, sem máscaras
uma hipnose de seus próprios sentidos, uma regressão sem traumas
um carinho, um abraço, um aperto de mão entre irmãos
uma canção, um balé, uma orquestra em harmonia

sabedoria popular

"o vento e as ondas estão sempre a favor de quem sabe navegar!"

se

se a intensidade fosse recíproca,
não haveriam desencontros e fugas,
haveriam encontros e trocas,
felicidade!

se a intensidade for recíproca,
não haverão desencontros e fugas,
haverão encontros e trocas,
felicidade!

se a intensidade foi recíproca,
não houve desencontros e fugas,
houve encontros e trocas,
felicidade!