sim, é isso mesmo!

eu cheguei a minha maneira, como quem não quer ser visto. achei uma cadeira, e logo me sentei. colombinas apaixonadas, em coro cantavam assim: “... um pierrot apaixonado, que vivia só cantando, por causa de uma colombina, acabou chorando, acabou chorando. a colombina entrou no botequim, bebeu, bebeu, saiu assim, assim, dizendo: pierrot, cacete! vai tomar sorvete com o arlequim! um grande amor tem sempre um triste fim, com o pierrot aconteceu assim: levando esse grande chute, foi tomar vermute com amendoim!...". sentada a observar, fui sendo invadida pela melodia e também pela harmonia que reinava naquele espaço, onde o que temos de mais valioso é imortalizado. quando a música acabou o rei momo entrou em cena com o tom grave de um poeta nato e uma postura de quem sabe se deixar levar pelas ondas da emoção. ele cantou e declamou belas palavras de alegria. a festa rolava e a maioria dançava, quem não tinha esse desprendimento, batia palmas ou mesmo balançava os pés, era inútil tentar controlar-se, pra não dizer impossível. e eu ali, batendo palmas e pensando como entraria em cena, observando risonha, cada verso, canção, texto, frase, que naquele microfone ganhava cor, luz e confetes sem fim! um arlequim saltitante me puxou pela mão, me deu uma máscara e me introduziu naquele espetáculo. comecei a desempenhar meu papel no improviso, falei ao publico atuante com meu coração e ganhei sorrisos, apertos de mão e beijos infantis. a cada acontecimento meu coração sorria mais. a guitarra, o bumbo, a caixa, o pandeiro, as vozes em coro me levaram durante aquela tarde para um mundo onde o belo é celebrar, é compartilhar, se misturar e honrar aquela pedra endurecida que dorme em cada peito. fui embora com o coração cheio de agradecimento e com uma vontade imensa de gritar: viva a cultura popular brasileira!!!!!!!!!!!!!!!!!