um tonto

parei de beber
e saio pra bares 
mais vezes que antes.
vez por outra,
ao redor das mesas,
procuro acompanhar o ritmo,
que muitas vezes desentoo
e faço graça pra reparar,
não passo de um chato.
tento envolver meus camaradas,
com as voltas da sobriedade,
quero agradar os tontos alegres
e eles vão pra outro lado,
fingindo não ouvir,
o meu papo chato.
sozinho na mesa,
não raro quero um trago
e bebo escondido de mim,
essa maldita cachaça,
que me deixa enjoado.
ao fundo da garrafa vou,
e agora já sou trapo,
são tantos papos, tontos sapos
e o tonto chato papa tanto,
que os tontos alegres voltam
e fingem perceber,
que a garrafa está ali
e eu não.