conversa de liquidificador

masoquismo? sentimento de inferioridade? carência? mutilação? é muito cruel, não tenho mais forças pra seguir nessa guerra perdida, entrego minhas armas, meus sonhos, meus carinhos, minhas incertezas, meus desejos, minha esperança e não quero mais beijos e nem versos. não vejo opções nem soluções nem caminhos, nada pra mim. é difícil compreentender o escuro, que é claro aos meus olhos. preparo-me para mais uma guerra interior, na qual, precisarei vencer para viver melhor. fazer das lágrimas ensinamentos e guardar na memória pra não esquecer o sofrimento. eu choro, como a muito tempo não fazia, aliviando meu peito dolorido, que está cheio e cansado. "se você não pode ser forte, seja pelo menos humana". desista. me ajuda?

se eu ajudar, pode ser que desista também, às voltas das ondas emotivas e concordante com os lamentos. assim, seremos dois desistentes, que abandonam o barco na metade do caminho, quer dizer, em alguma parte do caminho. seres humanos carregando o peso da culpa em suas pernas."todo mundo é parecido quando sente dor"?

o que acabou de acontecer foi um tropeço, um profundo lamento, que lentamente transcorreu. o caminho calçado, foi passeado por pés, também calçados, com botinas de solados duros. difícil é lembrar e compreender que o tempo estica e o espaço ocupado é consequência e sentença. és responsável por tudo aquilo,"mas, quem tem coragem de ouvir?"  

você achou que seria fácil? resolvendo com a agilidade de uma lebre, dizendo que seria mole e de tão mole, que foi,  confundiu os olhares, surpreendeu os envolvidos e empoeirou os passos dados. houve um convencimento momentâneo, num apático seguir. a mais fácil e óbvia, a que estava escancarada. à que mais brilhava. já não era necessário, naquele momento, para você, "ouvir amanhecer o pensamento."