máquina registradora

mais uma vez ele bate a minha porta,
ao nascer do sol, com sorrisos e piscadelas,
carregando promessas de sucesso e conquistas.

penso muito,
peço ajuda, opiniões,
busco coragem pra dizer não.

todos dizem para aceitá-lo,
que é a melhor opção,
que traz a tal da dignidade.

se ele é bem gordo,
é visto com bons olhos.
abrem-se portas, pernas,
fecham-se janelas da alma.

é ele quem manda, eu penso.
é quem dita as regras, as escolhas.
eu luto contra, tento, busco, sofro, piro.

e, ao fim do dia,
eu me rendo,
é cruel essa entrega.

choro por ser refém,
por fazer parte de um jogo, de um sistema vil,
num redemoinho de lutas, virando furacão.